Sabemos que um porco pesa em média 200 kg, podendo chegar até 300kg.
Bom … essa era a média. Porém, os chineses agora estão criando porcos de até 500kg. E isso é quase o peso de um urso polar!
E por quê?! Resumindo, o problema começou em torno de setembro de 2018, quando o vírus da peste suína foi detectado em suínos de subsistência na China, gerando uma crise e pânico global. Por conta disso, a China parou de exportar e eliminou todos os porcos com sinais da doença, o que causou um déficit de milhões de toneladas de suínos, mais do que o disponível no comércio global.
Preocupado em conter a inflação, o governo chinês pediu para que produtores produzissem mais. Então, essa foi uma das soluções para aumentar a produção no mercado interno: apostar no “quanto maior melhor”, porque agora na China, um porco saudável vale muito!
Em vermelho, países com suspeita e presença confirmada do vírus da peste suíno africana.
Mas e aí, você ficou sabendo da peste peste suína africana? Muita gente não ficou sabendo, pois a China é um país meio fechado e algumas notícias ficam por lá. Mas mesmo quem não acompanhou as notícias percebeu algo estranho: o aumento da carne. E talvez não entendeu. Pois bem, nós vamos explicar.
Para começar, a peste suína africana já matou metade de toda a produção suína da China. E pra se ter uma noção de quanto isso representa, basta lembrar que a China é o maior produtor de suínos do mundo!
A peste suína é uma doença altamente contagiosa causada por vírus.
Seus principais sintomas:
Forma aguda:
– Febre alta
– Vermelhidão e hemorragias na pele principalmente nas extremidades
– Anorexia, apatia, cianose e falta de coordenação motora (horas antes da morte)
– Aumento da frequência respiratória
– Vômitos, Diarreia e secreções oculares
– Abortos
Taxa de mortalidade próxima de 100% (e sobreviventes ainda tornam-se portadores do vírus);
Forma subaguda:
– Sinais parecidos à forma aguda, porém menos intensos;
Duração da doença é de 5-30 dias;
Taxa de mortalidade é mais baixa (por exemplo, 30-70%).
Forma crônica:
– Perda de peso
– Picos irregulares de temperatura
– Sinais respiratórios
– Úlceras e necrose da pele
– Artrite
– Pericardite
– Pleurite e edema nas articulações
Baixa mortalidade.
Mas calma, esse vírus não causa doença em humanos, somente em suínos. Ufa!
Sendo mais específico, ela é exclusiva de suídeos domésticos e asselvajados (javalis e cruzamentos com suínos domésticos).
PSA e PSC
Existem dois tipos da doença, a Peste Suína Clássica (PSC) e a Peste Suína Africana (PSA).
Ambas são doenças graves causadas por vírus, porém, diferentes. A PSC é causada por um vírus da família Flaviviridae, gênero Pestivirus, de genoma RNA. Já a peste suína africana é causada por um vírus DNA, família Asfarviridae, gênero Asfivirus. São nomes parecidos, mas doenças diferentes, sendo a PSA a mais devastadora.
Uma boa notícia para nos tranquilizar é que o Brasil tem um programa nacional para controle da Peste Suína Clássica. Somos inclusive reconhecidos internacionalmente como um território livre da peste. Quanto à PSA, já tivemos caso da doença em em Paracambi, Rio de Janeiro, em 1978, com porcos que haviam sido alimentados com restos de alimentos de um voo proveniente de Portugal. Mas hoje, a doença já foi erradicada e hoje seria até estranho algum caso de PSA por aqui.
O vírus da PSA se espalha fácil e rapidamente pelo contato direto entre suínos infectados ou através da ingestão de produtos de origem suína contaminados com o vírus. Outra forma de transmissão é por insetos como carrapatos, moscas sugadoras de sangue, e mosquitos, que sugam sangue de suínos infectados e depois se alimentam de outros.
Duro de matar
O vírus sobrevive por dias nas fezes, e até por semanas na urina dos animais. Mas o pior, é que mesmo porcos recuperados ainda assim espalham o vírus, e não existe ainda vacina ou tratamento para PSA.
Então… infelizmente, a melhor opção é sacrificá-los. =(
Vírus da Peste suína africana vistos no microscópio.
(Foto do Pirbright Institute)
Mas e o preço da carne?
Bem, como já mencionamos anteriormente, a China é a maior produtora de suínos do mundo. Mas também é a maior consumidora, e diante da crise, a melhor solução foi eliminar todos os animais contaminados e com suspeita da doença na China, o equivalente a mais de 180 milhões de porcos.
Consequentemente, a China se tornou a maior importadora do mundo de carne suína, e é aí que o Brasil entra na história!
Com essa procura, e o dólar subindo cada vez mais junto com a margem de lucro, nossos produtores começaram a exportar a maior parte da produção, é claro, reduzindo o produto no mercado interno.
Pouca carne, lei da oferta e da procura: O preço subiu!
Felizmente o mercado se ajusta, o preço da carne já está baixando e a China está se recuperando…
(… e daí vem o corona vírus)
Após todas essas informações que contamos, é interessante ver esse vídeo do canal Rural Business: Peste Suína Africana: O que não te contaram.
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